Jerônimo nasceu em Veneza 1481. Seu pai, senador, tinha pouco tempo para dedicar à sua educação, que foi entregue à sua mãe. Piedosa e .meiga, Dona Eleonora soube incutir no coração do menino profundas sementes de Religião, que mais tarde dariam fruto.
Mas foi o nobre amor às armas, herdado de seus antepassados, que teve a preferência do pequeno Jerônimo, de tal sorte que já aos 15 anos, pouco depois de perder o pai, se alistava no exército da República veneziana.
Participando de várias batalhas, foi sempre notado por seu valor e brio militar. Mas infelizmente sofreu a má influência da vida licenciosa, já então comum em quartéis e acampamentos. Tornou-se colérico, briguento, praticamente ateu e, se não caiu mais baixo, foi porque, aspirando aos mais altos cargos em Veneza, necessitava ter uma conduta honrosa.
O contínuo apelo às armas não lhe permitiu formar um lar. Ou melhor, Deus não o permitiu, porque tinha desígnios sobre ele.
Contava Jerônimo 28 anos quando, em 1508, os venezianos levantaram-se em armas contra a Liga de Cambray, formada pelo Papa e pelos Reis Luís XII da França, Maximiliano da Alemanha e Fernando o Católico, da Espanha. A Jerônimo foi confiada a difícil defesa de Castelnuovo. Vendo a desproporção entre os dois exércitos, o governador da cidade fugiu, deixando-o com todo o ônus da defesa. Jerônimo negou-se a render-se, e lutou até que a praça fosse arrasada.
Em seguida, segundo o costume do tempo, ele foi preso numa torre, carregado de correntes no pescoço, braços e pés. O pior, porém, era a perspectiva da morte e o lento passar do tempo.
Nas intermináveis horas em que jazia no cárcere, a graça foi produzindo seus frutos em sua alma, e ele começou a lembrar-se dos ensinamentos de piedade e virtude recebidos em criança, e do bom exemplo dos irmãos e da mãe. Considerou a vida desordenada que levava, tão afastado de Deus, e acabou por julgar que era um merecido castigo aquele que lhe fora infligido. Pediu a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora de Treviso, que o aceitasse como expiação e lhe desse uma oportunidade de reparar condignamente a vida passada.
Apareceu-lhe então Nossa Senhora, que lhe deu as chaves de suas correntes e do calabouço. Auxiliou-o a sair da prisão sem ser visto e a atravessar o campo inimigo, para chegar a Treviso. Lá, no altar da Virgem, Jerônimo depôs as correntes e as chaves que lhe tinham sido milagrosamente entregues.
Aos poucos foi controlando suas paixões, sobretudo a ira, pelo exercício da docilidade e paciência. Adquiriu assim a verdadeira humildade e mansidão de coração, tornando-se o homem mais afável e pacífico de Veneza.
O Senado da Rainha do Adriático – como era conhecida Veneza –, para recompensá-lo por seu valor na defesa de Castelnuovo, nomeou-o governador dessa cidade. Mas ele teve pouco tempo para exercer esse cargo, pois necessitou tomar sobre si a tutela dos sobrinhos, que o repentino falecimento de seu irmão deixara órfãos. Tendo-lhes assegurado uma boa educação e um rendimento de acordo com sua alta categoria, ele ficou livre para cumprir então o que havia prometido.
Ocorreu então que, em 1528, uma grande carestia assolou a Itália, com fome geral. Todos os dias a morte ceifava inúmeras vítimas. Para socorrê-las, Emiliani vendeu até seus próprios móveis, transformando sua casa em hospital.
A caridade de Jerônimo Emiliani não se circunscreveu a Veneza, mas logo atingiu também Bérgamo, Bréscia, Como e Somasca. Já nesse tempo havia recebido a ordenação sacerdotal, e a ele tinham se reunido mais dois santos sacerdotes que, a seu exemplo, distribuíram aos pobres tudo o que possuíam, para abraçar a pobreza voluntária.
Jerônimo pensou logo em fundar uma Congregação regular para dar mais estabilidade à sua obra. Escolheu para isso Somasca, entre Milão e Bérgamo, para estabelecer a casa-mãe e o seminário. Daí veio o nome pelo qual ficaram conhecidos, Clérigos Regulares de Somasca.
Embora contasse pouco mais de 55 anos, o santo teve certa premonição de que seu fim estava próximo. Procurou então consolidar sua obra, visitando todas as casas da Ordem. Ia sempre a pé e não tomava outro alimento senão pão e água.
Enfim, no dia 8 de fevereiro de 1537, tendo recebido os últimos Sacramentos, entregou sua alma a Deus, na idade de 56 anos.
Pio XI o proclamou patrono universal dos meninos órfãos e abandonados
Fonte: IPCO
Ilustração: San Girolamo Emiliani in carcere. Dipinto di Jacopo da Ponte detto Jacopo Bassano (Bassano del Grappa, 1517 - Bassano del Grappa, 1592). Olio su tela, cm. 75 x 65. Dal 1874 nelle collezioni per donazione di Maria Brignole - Sale De Ferrari, duchessa di Galliera. L'opera è a Genova, Musei di Strada Nuova - Palazzo Rosso, inv. PR 96. Situato nella Sala 3 - Primo piano nobile
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