sexta-feira, 24 de novembro de 2017

São João da Cruz, Confessor e Doutor


São João da Cruz e a sublimidade do sofrimento


 24/11 Sexta-feira
Festa de Terceira Classe
Paramentos Brancos

A Providência Divina confirmou em graça e amoldou perfeitamente à Cruz de Cristo um religioso escolhido para secundar Santa Teresa de Jesus na extraordinária obra da Reforma do Carmelo

por Plinio Maria Solimeo


Certo dia, a imagem de Cristo Padecente perguntou a Frei João da Cruz o que ele desejava em paga do seu amor puro e exclusivo a Deus.

– “Padecer, Senhor, e ser desprezado por causa de Vós”, respondeu generosamente o heróico carmelita, esteio da reforma carmelitana empreendida por Santa Teresa.

Em sua boca, esse dito não era figura de retórica, mas exprimia o élan generoso de sua alma de fogo.

É conveniente analisar o ambiente familiar em que nasceu um dos maiores místicos da História da Igreja, Doutor da Igreja, cujas obras espirituais constituem um tesouro inapreciável.

A família do Santo

Gonzalo de Yepes era de ilustre família, com brasão e antepassados notáveis nas armas e na ciência, pertencente à aristocracia da antiga capital espanhola, Toledo. Órfão, criado por um tio eclesiástico, trabalhava na administração e contadoria com outros dois tios, mercadores de seda.

Ora, Gonzalo enamorou-se de Catarina Alvares, jovem e bela tecelã, órfã como ele, mas de origem humilde. Com ela casou-se, apesar da oposição dos tios. Foi repudiado por eles e posto fora de casa.

Justamente aqueles anos foram tão estéreis, que em Castela “não se acha pão por nenhum dinheiro[1]. Não conseguindo encontrar trabalho no seu ramo, Gonzalo viu-se obrigado a aprender com a esposa a profissão de tecelão, para sustentar o novo lar.

Os filhos começaram a chegar: Francisco, Luís, João... Este último, o nosso santo, mal conheceu o pai, pois Gonzalo, depois de dolorosa enfermidade, faleceu deixando mulher e filhos na miséria.  Luís, fraco e mal nutrido, logo seguiu o pai no sepulcro.

Catarina viu-se obrigada a mudar-se para localidade maior a fim de procurar ganhar o sustento dos seus. Francisco, o mais velho, já adolescente, aprendeu o ofício da mãe para auxiliá-la.

Em Medina del Campo tiveram que separar-se do caçula, João, recebido  no Colégio da Doutrina, espécie de orfanato que, a par da manutenção física, dava a seus assistidos formação religiosa e escolar.

Na infância, milagres revelam proteção divina

Do período de infância de João de Yepes narram-se três fatos miraculosos.

Quando o pequeno tinha por volta de seis anos, brincava com outros meninos de sua idade enfiando uma varinha numa lagoa. Em determinado momento, perdeu o equilíbrio e caiu na água. Foi para o fundo, depois flutuou. Nesse momento viu Nossa Senhora, que lhe estendia sua puríssima e alva mão. O pequeno João, considerando aquela mão tão pura da Mãe de Deus, julgou-se indigno de tocá-la. E encolheu a sua. Surgiu então em cena um lavrador, que o “pescou” da água.

Outro fato se deu quando a família se trasladava para Medina. À entrada da cidade, saiu de um charco um enorme  monstro, pronto a devorar o menino. Este fez o sinal da Cruz e o monstro desapareceu nas águas.

O terceiro fato ocorreu quando João, coroinha no convento da Madalena, brincava no pátio com outros meninos. Estando perto de um fundo poço, um amigo estabanado deu-lhe um encontrão, e Joãozinho nele caiu. Quando todos pensavam que se afogara, viram-no flutuando à flor d’água. Ele mesmo pediu uma corda que atou à cintura, sendo assim resgatado. O menino afirmou aos espantados circunstantes que Nossa Senhora o sustentara sobre a água.

Do convento das monjas, João, então já adolescente, trasladou-se para o Hospital da Conceição, onde teria três ocupações: a de ajudante de enfermeiro, de coletor de esmolas para a instituição, e nas horas livres, de estudante no Colégio da Companhia de Jesus.

Seu benfeitor no hospital queria que ele se  ordenasse e ficasse capelão da instituição. Mas João de Yepes tinha outra idéia. Apenas terminou seu curso no colégio aos 21 anos, dirigiu-se furtivamente ao Convento carmelitano da cidade, onde pediu admissão com o nome de João de São Matias. Para terminar seu estudo de teologia, os superiores o enviaram para Salamanca.

Em vida, confirmado em graça

Formado desde o berço na escola da pobreza e do sofrimento, Frei João de São Matias estava preparado para receber a maior graça de sua vida. Ordenado sacerdote, voltou a Medina del Campo para cantar a primeira Missa, preparando-se para ela por meio de jejum e mortificação. Quando a celebrava com um fervor seráfico, pediu “a Sua Majestade lhe concedesse  não cometer pecado mortal algum com que A ofendesse, e de padecer nesta vida em penitência de todos os pecados que, como homem fraco, pudesse cometer se Sua Divina Majestade não o sustentasse em suas mãos”.

Anos depois, estando uma virtuosa freira esperando que Frei Matias terminasse de atender outra pessoa para tratar com ele negócios de sua alma, recolhendo-se em oração, “manifestou-lhe o Senhor a grande santidade do santo padre Frei João; e lhe revelou que, quando [o mesmo] disse a primeira Missa, lhe havia restituído a inocência e posto no estado de um menino de dois anos, sem duplicidade nem malícia, confirmando-o em graça como os Apóstolos para que não pecasse e  jamais O ofendesse gravemente[2]

Isso explica o imponderável de candura e pureza que emanava de São João da Cruz, como depuseram depois em seu processo de canonização inúmeras testemunhas.

Dois grandes Santos e uma grande obra

Quadro que representa a verdadeira
fisionomia de Santa Teresa Ávila.
Anônimo séc. XVII
Real Academia de la Lengua - Madri
Foi precisamente logo depois dessa graça que ele teve o encontro providencial com Santa Teresa. Estava ela em Medina, onde acabara de fundar um convento reformado de freiras, quando ouviu falar dele. Logo pensou que poderia dar origem ao ramo masculino de sua reforma, e suplicou a Deus que lhe concedesse essa graça. No dia seguinte, Frei João explicou a Teresa que queria fazer-se cartuxo – os cartuxos têm uma regra muito severa -- para melhor levar uma vida de contemplação e penitência. Quando a Madre lhe explicou a idéia do Carmelo com a primitiva regra, ele ficou encantado em secundar Madre Teresa na obra.

Desse modo João de São Matias tornou-se João da Cruz – nome pelo qual se tornaria mundialmente conhecido –,  tendo sido o primeiro frade a receber o hábito da Reforma carmelitana e o grande apoio de Santa Teresa para a consolidação dessa empresa.

Quando a grande Fundadora foi enviada como priora ao seu antigo convento da Encarnação, quis ser auxiliada por Frei João da Cruz como confessor das monjas.

Mérito e  valor do espírito de Cruz

Foi lá que ele se tornou a principal vítima da verdadeira batalha que houve então entre carmelitas Calçados e os Descalços sobre a reforma. Preso pelos Calçados na prisão do convento de Toledo em cela fria e sem janelas, inteiramente incomunicável, jejuando a pão e água e sendo flagelado por eles regular e cruelmente várias vezes por semana durante nove meses, mais tarde ele poderia afirmar: “Não vos espanteis se eu mostro tanto amor pelo sofrimento; Deus deu-me uma alta idéia de seu mérito e valor quando eu estava na prisão de Toledo[3].

Em contrapartida, nesse forçado isolamento recebeu insignes favores divinos, compondo ali alguns dos seus mais notáveis poemas.

Depois de uma fuga dramática -- no decorrer da qual teve que pular o alto muro do convento-prisão -- ocupar-se-á ele da formação de noviços, direção de professos, e atendimento espiritual de frades e religiosas. Mas sempre ocupando, no governo da Ordem, postos secundários, principalmente depois de 1582, quando morreu a grande Santa Teresa.

Os Bollandistas[4] sintetizam assim suas virtudes: “A vista apenas de um crucifixo era suficiente para provocar-lhe êxtases de amor e de o fazer cair em lágrimas. A Paixão do Senhor era o objeto ordinário de suas meditações, e ele recomenda fortemente essa prática em seus escritos. .... Afirmava ser a confiança em Deus o patrimônio dos pobres, e sobretudo dos religiosos. O fogo do amor divino fazia de tal maneira arder seu coração, que suas palavras inflamavam aqueles que o ouviam. .... Seu amor a Deus se manifestava em certas ocasiões por traços de luz que brilhavam em sua face. .... Seu coração era como uma imensa fornalha de amor que ele não podia conter em si mesmo e que brilhava para fora por sinais exteriores dos quais ele não era senhor. Não se admirava nele menos seu amor pelo próximo, sobretudo os pobres, os doentes e os pecadores. ... O profundo sentimento pela religião do qual ele estava penetrado inspirava-lhe um respeito extremo por tudo quando pertencia ao culto divino. Pelo mesmo motivo, ele procurava santificar todas suas ações[5].

Devido a sua pouca altura (não chegava a 1,60 m) e pelas suas poucas mas sempre judiciosas palavras, Santa Teresa o chamava afetuosamente de “mi Senequita”, pois que ele lhe fazia lembrar aquele filósofo da Antigüidade, seu conterrâneo. A ele se referia também como o “santico de Frei João”, cujos “ossinhos farão milagres”, pois era “celestial e divino”, e que “não encontrei outro em toda a Castela como ele, nem que tanto afervore no caminho do céu[6].

Para morrer, coloca-se nas mãos de um de seus piores inimigos

No capítulo dos Descalços de 1591 -- apesar de ter sido o primeiro padre da reforma teresiana -- Frei João viu-se privado de todos os cargos que tinha na Ordem e reduzido a simples religioso. Um dos novos eleitos prometeu mesmo persegui-lo até vê-lo expulso da Ordem. “Frei João está experimentando nestes momentos uma verdadeira e obstinada perseguição. O padre Diego Evangelista (seu pior opositor) não está ainda satisfeito vendo o padre João da Cruz sem ofício algum. Busca avaramente sua humilhação[7]. E, para isso, começou uma campanha de calúnias contra o Santo.

Frei João pediu para retirar-se a um convento isolado, perto da Serra Morena, onde era tratado com consideração e respeito. Por isso, quando os sintomas de sua última doença surgiram e o superior pediu-lhe que escolhesse um convento com mais recursos para tratar-se, escolheu o de Ubeda, dirigido por um de seus mais acerbos inimigos, para poder sofrer até o fim.

Este, apesar do estado do Santo ir piorando, colocou-o numa cela isolada, proibindo toda visita.

Surgiram-lhe tumores numa perna, que foram intoxicando todo o corpo. O cirurgião teve que fazer, a sangue frio, uma incisão de alto a baixo nessa perna, para tirar a matéria purulenta. Cada curativo arrancava-lhe pedaços de carne com a matéria pútrida. No entanto o enfermo, meditando nos padecimentos da Paixão, sofria tudo como se se tratasse do corpo de um outro. O médico, admirado com tanta santidade, guardava as gazes cheias de pus e sangue, mas que desprendiam suave odor, para aplicá-las em outros doentes, obtendo assim vários milagres.

O prior, no entanto, mostrava-se inflexível, não dando ao enfermo nem o necessário. Foi preciso que os religiosos mendigassem nas ruas alimentos e medicamentos para o doente. Chegando o Provincial, repreendeu o prior por sua dureza de coração. E este reconheceu sua falta, mudando de tratamento. Mas o Santo já estava no fim, e tinha bebido tudo quanto podia do cálice de sofrimentos e humilhações. Entrou em agonia no dia 13 de dezembro, falecendo pouco depois da meia-noite.

O Papa Clemente X o beatificou em 1675, Bento XIII o canonizou em 27 de dezembro de 1726, e Pio XI o declarou Doutor da Igreja Universal no princípio deste século.

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Notas:
1 – Frei Crisógono de Jesús, Vida de San Juan de la Cruz, B.A.C., Madri, 1982, 11ª edição.
2 – Id. ib., p. 71, nota 19.
3 – Les Petits Bollandistes, d’après le Père Giry, par Mgr Paulo Guérin, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, Tomo XIII, p. 580.
4 – Sociedade científica formada por um grupo restrito de sacerdotes jesuítas belgas que se dedicam há três séculos a pesquisar a vida dos Santos, sobretudo em suas fontes originais, e que tomam seu nome do seu fundador, Jean Bolland. É das fontes mais abalizadas da hagiografia.
5 – Op. Cit, tomo XIII, p. 581.
6 – Pe. José Leite, S. J.,  Santos de Cada Dia, Editorial A. O. , Braga, p. 441.
7 – frei Crisógono de Jesús, op. Cit., p. 371.



Publicado na Revista Catolicismo em Dezembro de 1999

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

São Clemente I, Papa e Mártir

Martírio do Papa Clemente I, pintura de Bernardino Fungai


São Clemente I Papa Igreja (89-97), também conhecido como Clemente Romano (em latim, Clemens Romanus), nascido em Roma, nos arredores do Coliseu, de família hebraica, foi um dos primeiros a receber o batismo de São Pedro. Autor da carta endereçada à Igreja de Corinto pela Igreja de Roma uns do primeiro documento de literatura cristã, e que chegou até nós; sua carta importantíssima para os reconciliar na paz, renovar a sua fé e anunciar a tradição, que há pouco tempo tinha recebido dos Apóstolos". Portanto, poderíamos dizer que esta carta constitui o primeiro exercício do Primado romano depois da morte de São Pedro.Carta a Igreja de Corinto, contra as prática cometidas no templo de Artemis, que se havia tornado um centro de degradação moral. Essa carta rezava uma convincente censura à decadência desta Igreja, devida sobretudo afastamento da Tradição, às lutas e invejas entre os fiéis, estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos) e ao primado da Igreja de Roma. Afirmava também a superioridade do Pontífice Romano, sucessor de São Pedro, com relação às outras Sés apostólicas.No seu pontificado ocorreu a segunda perseguição aos cristãos e ele foi preso no reinado de Trajano (Marcus Ulpius Nerva Traianus). Condenado a trabalhos forçados nas minas de cobre de Galípoli, converteu muitos presos e por isso foi atirado ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço, tornando-se mais um mártir dos princípios da Cristandade. Papa de número 4, morreu em Galípoli, e foi sucedido por Santo Evaristo (98-107).

O Papa São Clemente I escreveu três cartas aos Coríntios. Segue abaixo alguns trechos finais da Terceira Carta:

JUSTIFICAÇÃO E JUÍZO FINAL

XV. Quem salva e quem é salvo Pois bem: não creio que haja dado nenhum conselho depreciado a respeito da continência; não me arrependo do que escrevi, pois quis salvar a outro e a mim, seu conselheiro. Porque é uma grande recompensa aconselhar uma alma extraviada, próxima do perecimento, para que possa ser salva. Esta é a recompensa que podemos dar a Deus, que nos criou, se o que fala e escuta, por sua vez, fala e escuta com fé e amor. Portanto, permaneçamos nas coisas que cremos, na justiça e santidade, para que possamos, com confiança, pedir a Deus que diz: "Quando ainda estás falando, eis que estou aqui contigo", porque estas palavras são a garantia de uma grande promessa, pois o Senhor diz de si mesmo que está mais disposto a dar do que pedir. Percebendo, pois,que somos participantes de uma bondade tão grande, não andemos remisso s em obter tantas coisas boas, porque, assim como é grande o prazer que proporcionam estas palavras aos que as escutam, assim será também a condenação que acarretam sobre si mesmos aqueles que as desobedecem.

XVI. Preparação para o dia do julgamento Portanto, irmãos, sendo assim que a oportunidade que temos para o arrependimento não tem sido pequena, já que tivemos tempo para ela, voltemo-nos para Deus, que nos chamou, enquanto temos Alguém para nos receber. Porque, se nos desprendermos destes gozos e vencer a nossa alma, recusando as concupiscências, seremos partícipes da misericórdia de Jesus. Sabeis que o dia do juízo vem chegando, "como um forno aceso, os poderes dos céus se dissolveram", e toda a terra se derreterá como o chumbo levado ao fogo, e então se descobrirá os segredos das obras ocultas dos homens. A esmola é coisa boa para se arrepender do pecado; o jejum é melhor que a oração, mas a esmola é melhor que estes dois. O amor cobrirá uma multidão de pecados, porém a oração feita em boa consciência livrará da morte. Bem- aventurado o homem que tiver abundância destas coisas, porque a esmola quitará o peso do pecado.

XVII. Arrependamo-nos, pois, de todo coração, para que nenhum de nós pereça durante o caminho, pois se recebemos um mandamento de que devemos também nos ocupar disto, afastando os homens de seus ídolos e instruí-los, como é péssimo que uma alma que conhece a Deus venha a perecer! Assim, ajudemo-nos uns aos outros, de modo que possamos guiar o débil até o alto, abraçando o que for bom, a fim de que todos possam ser salvos; e convertamo-nos e admoestamo-nos uns aos outros. E não pensemos em atentar e crer somente agora, quando estamos sendo admoestados pelos presbíteros, mas também quando partirmos para as nossas casas, recordemos os mandamentos do Senhor e não permitamos ser arrastados para outro caminho por nossos desejos mundanos. Assim mesmo, venhamos aqui com mais frequência e esforcemo-nos em progredir nos mandamentos do Senhor, para que, unânimes, possamos ser reunidos para a vida, pois o Senhor disse: "Venho para reunir todas as nações, tribos e línguas". Ao dizer isto, fala do dia da sua aparição, quando vier nos redimir, a cada segundo as suas obras. E os não crentes verão a Sua glória e o Seu poder, e cairão assombrados ao ver o reino do mundo ser entregue a Jesus; então dirão: "Ai de nós, porque Tu eras e nós não te conhecíamos e não críamos em Ti; e não obedecemos aos presbíteros quando nos falaram da nossa salvação". E "os vermes não morrerão e seu fogo não se apagará, e servirão de exemplo para toda a carne". Está dito do dia do juízo, que os homens verão aqueles que, entre vós, viveram vidas ímpias e tiveram obras falsas quanto a os mandamentos de Jesus Cristo. Porém, os justos, tendo boas obras e sofrido tormentos, bem como aborrecido os prazeres da alma, quando contemplarem aos que têm obras más e negaram a Jesus com suas palavras e sofrido tormentos, bem como aborrecido os prazeres da alma, quando contemplarem aos que têm obras más e negaram a Jesus com suas palavras e atos, sendo castigados com penosos tormentos e um fogo inextinguível, darão glória a Deus, dizendo: "Há esperança para Aquele que serviu a Deus de todo coração". "Combati o bom combate, terminei a corrida, mantive a fé." (II. Tim. 4,7).


Fonte: Escravas de Maria

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Funeral do Papa Pio XII


Pio XII, (em italiano: Pio XII, em latim: Pius PP. XII); O.P., nascido Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli; (Roma, 2 de março de 1876 — Castelgandolfo, 9 de outubro de 1958) foi eleito Papa no dia 2 de março de 1939 até a data da sua morte. 

Funeral do Papa Pio XII

"Um lugar no paraíso"



"Um lugar no paraíso" ( Der veruntreute Himmel ) é um filme de 1958, dirigido por Ernst Marischka. O enredo é a história dramática de uma idosa, que, ansiosa para garantir a salvação eterna, faz seu neto ser sacerdote; mas ele a engana desperdiçando dinheiro com o que não devia. Descobrindo a verdade, ela parte, infeliz, para Roma, onde tem sorte de morrer logo depois de ver o Papa e receber sua benção.

No filme - com o elenco de Viktor De Kowa, Vilma Degischer, Hans Holt e Annie Rosar - "de alguma forma participa" Pio XII. As imagens da bênção do Papa, de fato, são imagens autênticas de uma verdadeira audiência na Basílica de São Pedro para as férias da Páscoa. Como se lê nos créditos do título do longa-metragem, foi o Papa quem autorizou o uso dessas imagens, bem como outras imagens dentro dos Palácios Apostólicos.

É uma verdadeira "pérola", embutida em um filme talvez esquecido, mas certamente interessante. As imagens em cores mostram um Pio XII em perfeita forma, embora já seja antigo - que visivelmente ama o contato com as pessoas, de modo a parar a sedia gestatoria para cumprimentar e abençoar uma criança. Incrivelmente sereno é também o sorriso do Papa, nunca menos, e sempre mantendo a sua ternura e confiança na paternidade.

Estamos confiantes de que esses poucos minutos de vídeo podem efetivamente contribuir para entregar ao espectador a imagem real de Eugenio Pacelli, às vezes traído por narrativas oficiais e retratos de festa. Estamos felizes em anunciá-lo, no aniversário da morte do Papa. A paternidade que seu sorriso infunde nessas imagens não deixará de aumentar a confiança em sua oração por nós do céu.




Fonte: Papa Pio XII - Sito ufficiale della Causa di Canonizzazione

São Giovanni Leonardi, Confessor

09/10 Segunda-feira
Festa de Terceira Classe
Paramentos Brancos
Bottega Lucchese, S. Giovanni Leonardi, XVIII-XIX sec., museo diocesano, Lucca

São Giovanni Leonardi (São João Leonardo), nasceu em Diecimo, perto de Lucca, Itália, no ano de 1541, foi o sétimo filho de Tiago e Joana Lippi. Ainda muito jovem, Giovanni Leonardi do mandado a Lucca para aprender a arte de farmacêutico. Aos vinte e seis anos deixou a farmácia, e sob a guia de Bernardini, empreendeu os estudos eclesiásticos e na Epifania de 1571 pôde celebrar a primeira Santa Missa. Na Igreja de São Giovanni della Magione, que lhe foi confiada pelo bispo, realizou a sua grande aspiração, fundando uma escola para o ensino da doutrina cristã.

Viveu dez anos num providencial exílio romano. Aí teve a oportunidade de estreitar amizade com São Filipe Néri, com o douto cardeal Barônio e com São José Calasans, e de fazer-se apreciar pelo Papa, que lhe confiou várias missões delicadas. Esteve em Nola, em Nápoles, em Montevergine, onde era necessária a mediação de homem sábio e caridoso para levar aos antigos mosteiros a disciplina e o primitivo espirito religioso.

Em 1574 fundou a Ordem dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus. Reuniu em torno de sia um grupo de sacerdotes dedicados à propagação da fé no meio dos não crentes confirmação pelo Papa Gregório XIII. Homem de Deus, e por todos como tal era havido, Giovanni Leonardi era consultado por muitos bispos, em negócios intrincados; o próprio Papa nomeou-o seu delegado em missões difíceis, e para reformar famílias religiosas. A São José Calazans prestou enormes serviços na conservação da Congregação que se achava no ponto de se dissolver. Também no hospital do Espírito Santo em Saxônia e às Religiosas oblatas de Santa Francisca Romana prestou grande auxílio.. Por este motivo é tido como o inspirador da Propaganda Fidei, ou Obra da Propaganda da Fé, atuante até nossos dias no âmbito da Santa Sé. Em 1614 a Ordem recebeu a denominação definitiva de Clérigos Regulares da Mãe de Deus, com sede junto à Igreja de Santa Maria da Rosa. O grande apóstolo do século da Reforma pagou com muitas tribulações a coragem de pregar e de sustentar, de todos os modos, a necessidade de volta à genuína prática do Evangelho, numa epóca de decadência geral dos costumes. Ao lado de São Filipe Néri, São José de Calesanz, São Camilo de Léllis, São Giovanni Leonardi é uma das figuras marcantes da nossa Igreja do século XVI.

Restos mortais de São João Leonardo, na Chiesa di Santa Maria in Portico in Campitelli

São Giovanni Leonardi morreu no dia 08 de Outubro de 1609, em Roma. Foi beatificado pelo Papa Pio IX no ano de 1861, tendo a solene canonização pelo Papa Pio XI, no dia da Páscoa, aos 17 de Abril do ano de 1938.


Leitura da Epístola

II Coríntios 4, 1-6 e 15       

1.Por isso não desanimamos deste ministério que nos foi conferido por misericórdia. 2.Afastamos de nós todo procedimento fingido e vergonhoso. Não andamos com astúcia, nem falsificamos a palavra de Deus. Pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de todos os homens, diante de Deus.3.Se o nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem,4.para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a luz do Evangelho, onde resplandece a glória de Cristo, que é a imagem de Deus.5.De fato, não nos pregamos, a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor. Quanto a nós, consideramo-nos servos vossos por amor de Jesus.6.Porque Deus que disse: Das trevas brilhe a luz, é também aquele que fez brilhar a sua luz em nossos corações, para que irradiássemos o conhecimento do esplendor de Deus, que se reflete na face de Cristo. 15.E tudo isso se faz por vossa causa, para que a graça se torne copiosa entre muitos e redunde o sentimento de gratidão, para glória de Deus.16.É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia.17.    A nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável. Porque não miramos as coisas que se vêem, mas sim as que não se vêem . Pois as coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas.

Sequência do Santo Evangelho

São Lucas 10, 1-9                                                          

1.Depois disso, designou o Senhor ainda setenta e dois outros discípulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir.2.Disse-lhes: Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe.3.Ide; eis que vos envio como cordeiros entre lobos.4.Não leveis bolsa nem mochila, nem calçado e a ninguém saudeis pelo caminho.5.    Em toda casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz a esta casa!6.Se ali houver algum homem pacífico, repousará sobre ele a vossa paz; mas, se não houver, ela tornará para vós.7.Permanecei na mesma casa, comei e bebei do que eles tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa.8.Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que se vos servir. 9.Curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo.



Fonte: Escravas de Maria
Ilustração I: Retirado do site Scuola Ecclesia Mater
Ilustração II: Wikipédia 

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Profecia de São Francisco de Assis


"Um homem, não escolhido canonicamente, será levado ao Pontificado ... Naqueles dias, Jesus Cristo não lhes enviará um verdadeiro Pastor, mas um Destruidor"


Pouco antes de morrer em 1226, São Francisco de Assis reuniu os membros do seu pedido e advertiu-lhes de grandes tribulações que aconteceriam na Igreja no futuro, dizendo:

  1. Ajam bravamente, meus irmãos; Tomem coragem e confie no Senhor. O tempo se aproxima rapidamente em que haverá grandes provações e aflições; Perplexidades e dissensões, tanto espirituais como temporais, abundam; A caridade de muitos ficará fria, e a maldade dos ímpios aumentará.
  2. Os demônios terão um poder incomum, a pureza imaculada da nossa Ordem e dos outros estarão muito obscurecidas de que haverá muito poucos cristãos que obedecerão ao verdadeiro Soberano Pontífice e à Igreja Romana com corações leais e caridade perfeita. No momento desta tribulação, um homem, não canonicamente eleito, será levado ao Pontificado, que, por sua astúcia, procurará atrair muitos para o erro e a morte.
  3. Então os escândalos serão multiplicados, nossa Ordem será dividida e muitos outros serão inteiramente destruídos, porque consentirão em erro ao invés de se oporem a ele.
  4. Haverá tanta diversidade de opiniões e cismas entre as pessoas, o religioso e o clero, que, exceto aqueles dias foram encurtados, de acordo com as palavras do Evangelho, até os eleitos seriam levados ao erro, se não fossem especialmente guiados, Em meio a uma grande confusão, pela imensa misericórdia de Deus.
  5. Então, nossa Regra e estilo de vida se oporão violentamente por alguns, e provações terríveis virão sobre nós. Aqueles que são encontrados fiéis receberão a coroa da vida; Mas ai daqueles que, confiando apenas na sua Ordem, cairão na tepidez, pois não poderão apoiar as tentações permitidas para provar os eleitos.
  6. Aqueles que preservam seu fervor e aderem à virtude com amor e zelo pela verdade sofrerão ferimentos e perseguições como rebeldes e cismáticos; Para os seus perseguidores, exortados pelos espíritos malignos, dirão que estão prestando um ótimo serviço a Deus destruindo homens tão pestilentos da face da terra. Mas o Senhor será o refúgio dos aflitos, e salvará todos os que neguem nele. E, para serem como a sua Cabeça [Jesus Cristo], estes, os eleitos, agirão com confiança, e por sua morte comprarão para si a vida eterna; Optando por obedecer a Deus em vez do homem, eles não temerão nada, e eles preferem perecer [fisicamente] ao invés de consentir na falsidade e na perfídia.
  7. Alguns pregadores manterão o silêncio sobre a verdade, e outros o pisarão no pé e negarão isso. A santidade da vida será ridicularizada mesmo por aqueles que professam externamente, pois naqueles dias Jesus Cristo não lhes enviará um verdadeiro Pastor, mas um destruidor.

(Works of the Seraphic Father St. Francis Of Assisi [London: R. Washbourne, 1882], pp. 248-250).


Para verificar por si mesmo que essas palavras foram transcritas com precisão a partir de sua fonte, estamos fornecendo imagens digitalizadas das páginas a partir das quais foram tiradas:

Folha de rosto


Página 248


Página 249


Página 250


Além disso, o livro que contém esta profecia está disponível em PDF para download. Clique aqui para fazer o download. Se você quiser comprar uma cópia de bolso, clique aqui.

Claramente, essas palavras proféticas de São Francisco nunca foram mais relevantes do que hoje. Existem rumores de que São Francisco também disse que o falso papa que ele estava alertando teria o seu próprio nome ("Francisco"), mas não conseguimos verificar essa informação ou encontrar uma fonte para isso.

Embora não devamos buscar profecias, revelações ou aparições especiais, nem torná-las a base para a nossa posição teológica, compartilhamos essa profecia com os nossos leitores para tranquilizá-los de que nossos tempos, embora extraordinários, foram conhecidos e preditos por vários santos.

São Francisco de Assis, rogai por nós.




domingo, 20 de agosto de 2017

Catecismo Anticomunista

Catecismo Anticomunista

D. Geraldo de Proença Sigaud

I. O QUE É O COMUNISMO E O QUE ELE ENSINA

1 Que é o comunismo?
           O comunismo e uma seita internacional, que segue a doutrina de Karl Marx, e trabalha para destruir a sociedade humana baseada na, lei de Deus e no Evangelho, bem como para instaurar o reino de Satanás neste mundo, implantando um Estado ímpio e revolucionário, e organizando a vida dos homens de sorte que se esqueçam de Deus e da eternidade.

2 Qual é a doutrina que a seita comunista ensina?
            A seita comunista ensina a doutrina do mais completo materialismo.

3 Que ensina o materialismo comunista a, respeito de Deus?
            O materialismo comunista ensina que Deus não existe, e que só existe a matéria.

4 Contenta-se a seita comunista em ensinar que não há Deus e que só existe a matéria?
           A seita comunista dá grande importância a um materialismo prático, em que o homem cogita se Deus existe ou não, mas procede, pensa e organiza sua vida sem se incomodar com Deus nem se lembrar dEle. Assim; aos poucos chega também ao materialismo teórico.
           O comunista verdadeiro é materialista teórico e prático, para poder levar seus prosélitos ao caminho aludido.

5 Que pensa a seita comunista a respeito da alma?
            Para a seita comunista o homem é só matéria, e a alma não existe.

6 Que pensa a seita comunista a respeito da eternidade?
            Para a seita comunista o homem desaparece totalmente após a morte. Não há Céu nem inferno, não há felicidade nem castigo depois desta vida.

7 Que pensa a seita comunista a respeito da natureza humana?
            Para a seita comunista o homem é um simples animal; embora mais evoluído do que o boi e o macaco, não passa de animal.

8 Qual e a primeira conseqüência prática desta doutrina?
            A primeira conseqüência prática deste materialismo é que o homem deve procurar sua felicidade somente nesta terra, e no gozo dos prazeres que a vida terrena oferece.

9 O homem, segundo pendi de Deus e da sua lei?
            Não. Uma vez que só há mataria, o homem não depende de Deus, que não existe; ele é supremo senhor de si mesmo.

A postura na Missa


Diz o Concílio de Trento: "Se somos, forçosamente, obrigados a confessar que os fiéis não podem exercer obra mais Santa nem mais divina do que este Mistério terrível, no qual a Hóstia vivificadora, que nos reconciliou com 

Deus Pai, é, todos os dias, imolada pelos sacerdotes, parece bastante claro que devemos ter muito cuidado para fazer esta ação com grande pureza de coração e com a maior devoção exterior possível". 

Os primeiros cristãos nos deram admiráveis exemplos a este respeito. Segundo o testemunho de S. João Crisóstomo, ao entrar na Igreja, beijavam, humildemente, o assoalho e guardavam, durante a Santa Missa, tal recolhimento que se julgava estar em lugar deserto. 

Era de observar o preceito da liturgia de S. Tiago: "Todos devem se conservar no silêncio, no temor, no medo e no esquecimento das coisas terrestres, quando o Rei dos reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, vem imolar-se e dar-se em alimento aos fiéis". 

São Martinho conformou-se, exatamente, com esta recomendação. Nunca se sentava na igreja; de joelhos, ou em pé, orava com ar compenetrado de um santo assombro. Quando lhe perguntavam pela razão desta atitude, costumava dizer: "Como não temeria, visto que me acho em presença do Senhor?". 

Ora, se o próprio Jesus expulsou, a chicote, os profanadores do templo, como tratará os cristãos audaciosos? 

Sobre conversas vãs durante a Missa

Não é proibido responder a uma pergunta útil nem dizer uma palavra necessária; é proibido, conversar coisas inúteis, fazer observações sobre o próximo, saudar-se mutuamente, como se estivesse na rua, e outras coisas semelhantes que impedem seguir, atentamente, a Santa Missa. 

Jesus Cristo nos preveniu: "Os homens darão conta, no dia do Juízo, de toda palavra ociosa" (Mt. 12, 36). Ora, haverá palavras mais inúteis do que as proferidas durante o tremendo Mistério do Altar? 

São Crisóstomo opina que os que falam e riem, durante a Santa Missa, merecem ser fulminados na Igreja. Com esta ameaça, o santo Doutor aponta também os que, por direito e dever, deveriam impedir as irreverências: os pais que não repreendem nem corrigem os filhos dissipados; os mestres e amos que não vigiam a atitude de seus alunos e criados. 

A melhor posição durante a Missa

São Paulo nos convida, quando diz que, "ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos" (Fl. 2, 10). Com mais razão ainda, devemos guardar esta atitude durante a presença real do divino Salvador, isto é, desde a elevação até a Comunhão. 

Muitas pessoas, homens sobretudo, têm o mau costume de ficar em pé durante toda Missa; apenas inclinam-se à consagração para levantar-se logo depois, como se Jesus não estivesse presente. 

Quem não puder permanecer de joelhos durante toda a Missa, poderia ficar em pé até o momento da consagração e depois da Comunhão. A presença real de Nosso Senhor torna também inconveniente o costume de muitas pessoas de sentarem-se, sem motivo de força maior, imediatamente depois da elevação. Se estivessem na presença dos grandes da terra, em alguma reunião mundana, a força não lhes faltaria, mesmo para tomar atitudes muito mais penosas do que a de estar de joelhos! 

A modéstia dentro e fora da Igreja

As senhoras e moças que vão à Missa vestidas à última moda, às vezes bastante indecente para lugar tão santo. Estas pessoas não medem a imensa dívida que contraem para com Deus. O luxo é como um archote que acende desejos ilícitos até no coração dos justos; que fogo não acenderá nos levianos e impuros! As pessoas adornadas com tanto cuidado são sempre perigosas: desviam do altar a atenção dos homens e são a causa de distrações e pensamentos criminosos. Quem prepara o veneno comete um pecado mortal, mesmo que não o tome aquele a quem é destinado; o mesmo acontece com estas pessoas: pecam pelo único fato de expor os outros à tentação. Sua falta é ainda mais escandalosa, quando assim se apresentam na Santa Missa. Como responderão por suas vítimas no dia do Juízo? Acrescenta a isso que são uma ocasião de pecado para outras senhoras, a quem servem de figurinos de imitação. 

Será, porém, na hora da morte, principalmente, que experimentarás quanto o Senhor é bom para os que honram os sagrados Mistérios do Altar, ao passo que os indiferentes e tíbios meditarão, num amargo, mas inútil arrependimento, o prejuízo que fizeram a seus interesses eternos. 

Por fim o que diziam os Santos sobre a Santa Missa

"Fica sabendo, ó cristão, que mais se merece participar devotamente de uma só Missa, do que distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a Terra." (São Bernardo)

"Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos." (São Leonardo de Porto Maurício)

"Como nós devemos ouvir a Santa Missa?. - Como a assistiam a Santa Virgem Maria e as Santas mulheres. Como São João assistiu ao Sacrifício Eucarístico e ao Sacrificio sangrento da cruz." (São Pio de Pietrelcina) 


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

«Roma perderá a Fé e tornar-se-á a sede do Anticristo»

A Abominação:

A profanação de Fátima

Artigo baseado numa palestra proferida pelo Padre Paul Kramer, B.Ph., S.T.B., M. Div., S.T.L.(Cand.), provavelmente nos primeiros anos do pontificado do Papa Bento XVI.



A Liturgia da Igreja comemora a dedicação da Basílica de S. João de Latrão, a catedral do sucessor do Apóstolo S. Pedro, e da Basílica de S. Pedro, no Vaticano, onde está o túmulo de S. Pedro, o primeiro Vigário de Jesus Cristo. Estes monumentos são uma lembrança visível da promessa que Nosso Senhor fez pessoalmente a S. Pedro: a de que as “portas do inferno” não prevaleceriam contra a Igreja. É por isso que a Igreja Católica é infalível (ou seja, não pode errar) e da mesma maneira é indefectível, o que quer dizer que nunca pode afastar-se das verdades divinamente reveladas e transformar-se numa religião falsa.

A Igreja Católica será perseguida

Como Católicos, professamos a nossa Fé em que a Santa Igreja Católica se manterá fiel até ao fim do mundo, altura em que Cristo virá de novo para julgar os vivos e os mortos.

Todavia, a Igreja será forçada à clandestinidade por perseguições violentas: na Mensagem de Fátima profetiza-se uma perseguição sangrenta da Igreja. Quando isso acontecer, a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica será obrigada a refugiar-se de novo nas catacumbas, como sucedeu com a Igreja dos primeiros cristãos, ao tempo das perseguições das autoridades romanas.

A Igreja falsificada

Nessa época de falsidades há-de parecer que a Igreja apostatou, quando uma igreja falsificada — denominada católica, mas que, na verdade, é uma falsa seita ecumênica de inspiração maçônica — dará a impressão de tomar o lugar da “antiga” Igreja.

Será este o aspecto mais horrível da Grande Tribulação: a aparente destruição do Catolicismo tradicional e sua ‘substituição’ pela nova “Igreja Católica” ecumênica, monstruosidade pan-religiosa e pan-cristã.

É esta a ‘Grande Apostasia’ — profetizada nas Sagradas Escrituras e no Terceiro Segredo de Fátima — que, neste momento, começa já a tomar forma e a desenvolver-se: a “Casa de Deus” está a ser profanada, violada e desconsagrada, tanto pela heresia ‘cristã’ como pela idolatria pagã. A profanação da Igreja de Deus é a grande abominação profetizada nas Sagradas Escrituras.

Tremendo é este lugar

É com estas palavras que a Liturgia comemora a consagração de uma igreja: “terribilis est locus iste” (tremendo é este lugar). O Templo do Senhor, o Seu Santuário, é um lugar tremendo — que, no verdadeiro sentido da palavra, inspira temor, porque ali somos levados a compreender e a sentir o temor de Deus.

A 9 de Novembro é a Festa da dedicação da Basílica de S. João de Latrão, a igreja do Salvador, que foi durante séculos a Sé Catedral do Romano Pontífice, Bispo de Roma e Papa da Igreja Universal. A 18 de Novembro é a Festa da dedicação da Basílica de S. Pedro, no Vaticano. E assim, comemorando a dedicação destas duas antigas igrejas, a Liturgia da Igreja invoca as palavras «terribilis est locus iste» ‘tremendo é este lugar’; porque a Igreja é “a Casa de Deus e a Porta do Céu”, tal como a Sagrada Liturgia nos ensina ao refletir sobre a natureza celestial e a santificação desse Lugar Sagrado: “a Casa de Deus e a Porta do Céu”.

Portanto, este é um lugar sagrado, diferente dos outros; assim, quando uma igreja é dedicada, fica consagrada a Deus e separada de tudo o que é mundano, de tudo o que é profano, de tudo o que é pagão, de tudo o que é falso, herético ou apóstata. Nos tempos antigos, durante a Cristianização do Império Romano, os templos que tinham sido construídos para os falsos deuses, em vez de serem destruídos, eram remodelados para serem locais apropriados para a presença de Deus. Eram santificados: em primeiro lugar, sendo exorcizados dos seus demônios e dedicados ao serviço de Deus; e, em seguida, sendo santificados pela própria presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, Aquele que é o Deus incarnado que desce a nós no Santíssimo Sacramento, e que confere, a esse Lugar sagrado, o maior grau de santificação e de glorificação de Deus.

A glorificação de Deus é um dos temas mais predominantes do Antigo Testamento, porque a glória de Deus é manifestar a Sua Glória e santificar o Seu Nome na Terra, para que a Humanidade participe na Sua santidade e na Sua vida divina. Assim, Deus manifesta a Sua glória e santifica tudo o que é separado das restantes coisas, a fim de ser sagrado e dedicado ao serviço de Deus para santificação dos homens.

Todos os demônios devem ser expulsos

Quando Deus toma posse do Seu Templo sagrado, todos os falsos deuses devem ser expulsos. Foi por isso que, quando os espanhóis chegaram ao México, destruíram os ídolos e puseram em seu lugar a imagem da Santíssima Virgem e do Menino Jesus. Cortez e os seus homens derrubaram e destruiram todos os ídolos diante de uma multidão de pagãos e idólatras enraivecidos sem que estes — ao que parece por intervenção divina — lhes fizessem mal.

O poder de Deus manifestou-se através dos Seus instrumentos humanos ao longo de toda a História da Igreja Católica e da Cristianização das nações. Foi esta a ordem que Jesus Cristo deu aos Seus Apóstolos, quando estava para subir ao Céu, dizendo: «Ide e fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-lhes todas as coisas que Eu vos ensinei. Quem acreditar e for baptizado, será salvo; e quem não acreditar será condenado. E eis que estarei convosco para sempre, até ao fim do mundo.» (Mt. 28:19-20; Mc. 16:15-16).

O Concílio Maçônico – Dom Antonio de Castro Mayer

Artigo de Dom Antonio de Castro Mayer publicado pelo Mosteiro da Santa Cruz:

Monitor Campista, 10/03/1985
Heri et Hodie, nº 59, novembro de 1988
Em 8 de dezembro de 1869 abriu-se em Roma o 1º Concílio do Vaticano. No mesmo dia, Ricciardi, deputado da Sabóia, inaugurava em Nápoles o “Anticoncílio Maçônico”, ao qual aderiram maçons de toda Europa. Destacam-se Victor Hugo, Edgard Quinet, Michelet e notadamente Giuseppe Garibaldi, o homem da destruição do poder temporal dos Papas. Pio IX tencionava firmar a Fé do povo católico contra o Racionalismo e o Naturalismo, implantados pela Revolução Francesa. A Maçonaria pretendia obviar a obra de Pio IX. Ricciardi sintetiza a tarefa do Concílio Maçônico nesta frase: “à cegueira e à mentira representadas pela Igreja Católica, particularmente o Papado, fazia-se uma declaração de guerra perpétua em nome do sagrado princípio da liberdade de consciência”.
Dia 16 de dezembro de 1869 o Concílio maçônico publicava suas resoluções: autonomia do Estado face à Religião, abolição da Religião de Estado, neutralidade religiosa do Ensino, independência da Moral diante da Religião.
A revista italiana católica “Chiesa viva” em seu número de novembro de 1984 dá o seguinte balanço, ao relacionar o anticoncílio maçônico de 1869 e o 2º Concílio do Vaticano, realizado menos de um século depois:
“A quem considera, entre os documentos do Vaticano II, o parágrafo 75 da constituição “Gaudium et spes” e de modo particular, a declaração “Dignitatis humanae” sobre a Liberdade Religiosa, não pode não perceber que este concílio acolhe todos os mais importantes princípios do “Anticoncílio” de 1869, do qual, em conseqüência, queira-se ou não, vem a constituir-se a continuação ideal, na oposição ao Vaticano I e ao Sílabo”.
E mais uma vez se registra que o Vaticano II está no centro da Crise da Igreja.


Fonte: Fratres In Unum 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A Anti-Igreja

por Dom Antônio de Castro Mayer

"Quando foram distribuídos, entre os padres Conciliares, os primeiros esquemas do Segundo Concílio do Vaticano, interpelaram-me: "V.Sa. acha que, para isso, seria preciso reunir um concílio?" A razão da pergunta é que os esquemas não apresentavam nenhuma novidade.
De fato, a realidade do Segundo Concílio do Vaticano não era o que aparecia. E sim, seus subterrâneos. 
Sob uma aparência tradicional, assegurada pela presença dos Srs. Cardeais Ottaviani, Bacci, Ruffini, Brawne e outros, operava o Cardeal Bea, porta-voz das Bnai-Brth judias e demais moçônicos, convencidos de que era momento de ultimar a obra de destruição da Igreja Católica, implodindo-a sobre si mesma.
Estruturou-se, assim, um concílio sui-generis, sem discussão: os oradores sucediam-se ininterruptamente, uns aos outros, vazando na assembléia o de que nutriam seus espíritos. Não havia nexo entre as várias intervenções. Quem as quisesse contestar, deveria inscrever-se na lista dos postulantes da palavra, e aguardar a sua vez, que poderia ocorrer vários dias depois. 
De maneira que, no Segundo Concílio do Vaticano, quem fazia tudo eram as comissões. E com tal sobranceria que, logo de início, a mesa da presidência jogou fora os esquemas propostos pela comissão preparatória, autorizada pela Santa Sé, ou seja, pelo Papa, a quem, aliás, como chefe supremo da Igreja e Vigário de Jesus Cristo, assiste o direito de propor a matéria a ser tratada nos concílios e a maneira de como fazê-lo. 
Eis que o Segundo Concílio do Vaticano constitui-se numa anti-Igreja. 
Dogma fundamental da Igreja Católica é sua necessidade para a salvação. Não tem os homens liberdade de escolher sua religião, sua Igreja, conforme seu agrado, ou permissão. Sob pena de condenação eterna, devem ingressar na Igreja Católica Romana. Ora, o Vaticano II, neste ponto, fixa, como doutrina inconteste, precisamente o contrário: todo homem tem liberdade visceral de aderir à religião de sua preferência.
Posta esta antítese, neste ponto básico, necessariamente, sobre ele vão se construir edifícios antitéticos. Por isso, dizemos que o Vaticano II, sem restrição, só por este fato, desliga-se da verdadeira Igreja de Cristo.
Ninguém pode, ao mesmo tempo ser católico e subscrever tudo quanto estabeleceu o Concílio Vaticano II. Diríamos que a melhor maneira de abandonar a Igreja de Cristo, Católica Apostólica Romana, é aceitar, sem reservas o que ensinou e propôs o Concílio Vaticano II. Ele é a anti-Igreja."


Jornal Heri et Hodie (de Campos), nº 33 - setembro de 1986.
Cfr. Monitor Campista, 17/08/86)


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Missa Tridentina: elitismo?

Publicado por: avgvstv, em Missa Tridentina em Belo Horizonte, 05-08-2010

Já ouvi de um parente que “essa Missa é para elite”. Outro dia, quando mostrava algumas fotos da liturgia tradicional para um grupo de estudioso afirmei que a tradição católica não é elitista, que entre os freqüentadores da Missa Tridentina no Brasil encontramos de doutores a semi-analfabetos, ricos e pobres. Um franciscano me interpelou falando que não era assim. Reclamava que era coisa de elite porque tudo seria muito caro: “olha como são caras essas velas, como são caros esses paramentos.”

Não me ocorreu uma boa resposta na hora, apenas concordei que são relativamente caros. (Mas nem tanto… custam menos do que certos luxos, além disso, o fato dos paramentos serem caros não prova que todos os freqüentadores da Missa tenham dinheiro… ir a uma Missa no Vaticano ou na Saint-Chapelle não aumenta a conta bancária de ninguém). Depois uma pessoa que estava lá me falou: “podem até ser caros, mas foram pagos por pessoas que querem dar o melhor para Deus!”

Em todo caso, gostaria apenas de mostrar as fotos da Missa pontifical celebrada por Dom Gregory Ochiagha, Bispo emérito de Orlu, Nigéria. Não me parece que quem foi ver a Missa tenha muito dinheiro, nem o local é rico, não passa de uma cobertura de amianto. Além disso, bom seria lembrar que a Missa tradicional foi rezada por séculos em todos os lugares e para todas as pessoas, nas capelas de palácios e nos altares improvisados nas guerras, em ricas basílicas e em pobre santuários, para reis e príncipes e para lavadeiras e pedreiros. Não é uma Missa “para elite”, é o que sempre foi, uma Missa para todos os católicos. Eis as fotos:

Dom Gregory Obinna Ochiagha vai ao altar


Elevação da Eucaristia


Fila para a Comunhão


Primeira Comunhão


Comungantes


Na hora da comunhão


Despedida

terça-feira, 8 de agosto de 2017

O grito lancinante de uma alma

Este texto que estou postando é muito interessante e de grande valia para nós, cristãos. É de interesse de todo cristão católico procurar saber aquilo que leva ao Céu e também, especialmente, o que deixa de levar.

Coloquei o texto na íntegra, pois a edição que eu tenho do texto não tem direitos autorais, então suponho que posso divulgá-lo sem problemas.

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O autor da presente publicação, no original alemão, prefere conservar no anonimato, tanto a si como os demais personagens do acontecimento.

O escrito, entretanto, corre em prósperas edições, pelas mãos de leitores sempre mais numerosos. Não se pode lê-lo com indiferença ou só por curiosidade. Aos poucos a gente se vê, pessoalmente empenhado em uma valorização reflexa, a um tempo de juízo e de sentimento.

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Clara era uma moça, falecida ainda jovem, em um Convento da Alemanha. Entre os papéis que deixou, encontrou-se o seguinte manuscrito que publicamos, na íntegra, em versão portuguesa.

Os grifos e anotações são nossos. 

O grito lancinante de uma alma


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NIHIL OBSTAT

Sancti Pauli, 1-6-1967 
Sac. Joannes Roatta SSR

IMPRIMATUR 

Sancti Pauli, 9-6-1967 
Mons. Lafayette
Vig. Geral 
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MANUSCRITO:

Eu tinha uma amiga. Isto é, entramos em contato, por causa do escritório, onde trabalhávamos uma ao lado da outra, em uma firma comercial.

Mais tarde Anita se casou e nunca mais a vi. Afinal, reinava entre nós duas, desde o começo, mais cortesia do que propriamente amizade. Por isso mesmo, pouco senti sua ausência, quando ela, após seu casamento, foi morar em um quarteirão de vilas…, muito longe de minha casa.

Quando no outono de 1937, passava minhas férias às margens do lago de Garda, escreveu-me minha mãe, pelos fins da segunda semana de setembro: “veja, Anita N. morreu! Foi vítima de um acidente de automóvel. Foi sepultada ontem em Waldfriedholf, cemitério do bosque”.

Esta notícia me espantou. Sabia que Anita nunca fora muito religiosa. Estaria preparada, quando Deus, assim de improviso, a chamou?

Na manhã seguinte, assisti a santa missa por ela, na capela particular da pensão das freiras, onde estava hospedada, rezei fervorosamente pela paz de sua alma e até ofereci a Comunhão nesta intenção.

Mas, o dia todo senti um certo mal-estar que pela tarde aumentou ainda mais. Adormeci inquieta. Enfim, fui acordada por um violento bater à minha porta. Acendi a luz. O relógio, sobre o criado, marcava meia-noite e dez. Não vi ninguém. Nenhum barulho se ouvia pela casa. Somente o das ondas do lago de Garda que se quebravam monótonas contra a murada do jardim da pensão. De vento, não se ouvia nem um sopro. E no entanto, ao acordar tinha acreditado perceber, além das batidas da porta, um rumor de vento semelhante àquele que se produzia quando meu chefe de escritório, aborrecido, me passava, de mau jeito, alguma carta.

Refleti por um instante se devia levantar-me. “Tudo histórias…, disse resolutamente a mim mesma. — É a tua imaginação excitada depois daquele caso de morte”. Virei-me para o outro lado, rezei alguns “Pater” pelas almas do purgatório e procurei dormir…

Mas, senti-me irresistivelmente invadida por uma sensibilidade interior que se tornava sempre mais lúcida e nítida, enquanto ao redor de mim a profundidade da noite desvanecia em uma transparência indefinível que dava a mim mesma e a todas as coisas circunstantes, um contorno sem espaço, fora do comum.

Levantei-me alucinada e resolvi, mais depressa do que costumava, descer para a capela da casa, como todas as manhãs. Ao abrir a porta do quarto, tropecei em um maço de folhas soltas de papel de carta. Apanhá-las, reconhecer a caligrafia de Anita e dar um grito foi tudo a mesma coisa.

Tremendo, segurava as folhas na mão. Compreendia que em tal estado de espírito não seria capaz de rezar nem sequer um “Pai Nosso” e além disso, subiu-me um sufocamento asfixiante.

Não encontrei melhor recurso que sair ao ar livre. Arrumei um pouco o cabelo, joguei a carta na bolsa e saí de casa. Subi por um trilho que, além da estrada principal (a famosa Gardesana), vai em direção ao monte, entre oliveiras, jardins de residências e moitas de louros.

A manhã surgia luminosa. Outras vezes, a cada cem passos, eu me extasiava diante do magnífico panorama que dali se abre sobre o lago e sobre a ilha do Garda, bela como de fada.

O insondável azul da água me recreava sempre. Contemplava admirada o cinzento monte Baldo, que, do outro lado, se eleva lentamente, desde 64 até mais de 2.200 metros acima do nível do mar. Entretanto, agora, não tinha nenhum interesse por nada disso. Após um quarto de hora de caminho, me deixei cair, mecanicamente sobre um banco que se apóia entre dois ciprestes, onde, ainda no dia anterior, tinha lido, com tanto prazer, a “Jungfer Therese”, de Federer.[1]