segunda-feira, 11 de junho de 2018

Monsenhor Montini, futuro Papa Paulo VI


NEGOCIAÇÕES SECRETAS
COM OS COMUNISTAS

Aos Aliados, que aconselhavam a Estaline uma política mais condescendente com o Vaticano, o ditador responde: «De quantas divisões dispõe o Papa?»
Mas, no Vaticano, houve quem tentasse secretamente instaurar relações com a União Soviética, mau grado a posição oficial anticomunista dos Papas Pio XI e Pio XII.
Mariano Rampolla del Tindaro, companheiro de estudos de Montini na Academia dos Nobres Eclesiásticos e seu amigo íntimo e estimado, foi organizador e protagonista de um encontro reservadíssimo com homens de fé comunista, para tratar de eventuais relações diplomáticas entre o Vaticano e a União Soviética. O encontro efectua-se em Agosto de 1938 com os expoentes do Partido Comunista Italiano, Donini e Sereni, na Cartuxa suíça de Valsainte, entre montes, longe dos confins italianos.
Mons. Rampolla procura saber dos interlocutores se o Partido estava disposto a sondar o terreno em Moscovo, com vista a eventuais contactos entre a Santa Sé e o Governo Soviético, para normalização das relações diplomáticas. O relatório de Donini, enviado aos dirigentes do Partido Comunista, não foi tido em consideração e não chegou ao responsável Palmiro Togliatti; talvez – julga Donini – porque a proposta foi considerada suspeita.17
No Verão de 1944, quando a guerra estava a acabar, Mons. Montini entrou em negociações de alto nível com os Comunistas italianos, para delinear o papel que o Partido Comunista poderia ter após o período bélico. O seu objectivo era formar uma aliança entre o Partido Democrático Cristão, os Socialistas e os Comunistas.18 Como relatado por Martinez, em 10 de Julho de 1944 houve um encontro entre Mons. Montini, que agia com desconhecimento de Pio XII, e Palmiro Togliatti, chefe indiscutível do Partido Comunista Italiano, que havia pouco tempo regressara a Roma, depois de 18 anos de exílio na União Soviética.19 Este foi o primeiro contacto entre o Vaticano e um líder do Comunismo. Foi esboçado um plano como base de um acordo entre o Partido Democrático Cristão, os Socialista e os Comunistas, que teria conferido aos três partidos o controle total em qualquer governo italiano pós bélico. Por outro lado, o plano definia as condições para futura colaboração entre a Igreja Católica e a União Soviética.20
Outra tentativa para instaurar relações entre a Santa Sé e o Governo Soviético acontece em 1945, nas vésperas da Conferência de Ialta, por iniciativa própria de Mons. Montini: um encontro de Montini com o comunista Eugénio Reale, então Subsecretário de Estado no Ministério dos Estrangeiros. O mesmo Reale refere o assunto do colóquio: possibilidade de um encontro de Sua Santidade com o chefe do Partido Comunista (Togliatti). «Ficou entendido – conclui o relatório de Reale – que se Togliatti aceitasse a ideia de uma visita ao Papa, eu voltaria a Mons. Montini para fixar a data e a modalidade». Parece que este contacto não teve desenvolvimentos.21

Enquanto Mons. Montini desafogava o seu antifascismo em contactos secretos com representantes comunistas de alto nível, a sua família manifestava a mesma paixão política de esquerda de modo ainda mais inquietante. Num artigo escrito pelo Advogado Salvatore Macca, ex Presidente do Tribunal de Brescia, com o título “Os Montini ajudaram o terrorista comunista Speziale a matar gente com a bomba” (publicado em duas partes na revista “Chiesa Viva”),22 lê-se a seguinte informação sobre Montini:
«Tive nas mãos um livro, “Memorie di uno zolfataro”, de Leonardo Speziale, de Serradifalco (1903-1979), por ele datado e registado e transcrito por outros. É uma biografia, cujas passagens salientes são as relativas à sua actividade de partidário comunista na província de Bréscia, depois de 8 de Setembro de 1943, quando estava fugido da França ocupada pelas tropas alemãs.
«Na Sicília viveu até à idade de 27 anos. Acantonou-se em França como fugitivo, dado que a vida no seu país se tornara difícil pelo frequente envolvimento em encontros de rua e sindicais. Era de carácter agressivo, como demonstram os precedentes penais, de que resultaram condenações ou processos por delitos de sangue, com lesões voluntárias, e até por um homicídio voluntário (...). Trabalhando em minas de enxofre, Speziale tinha desenvolvido um abundante ódio de classe. Em França, com a idade de 30 anos, inscreveu-se no Partido Comunista. Depois do advento do fascismo, um pouco por ignorância e um pouco por ódio e fanatismo contra o mesmo, acabou por confundi-lo com a mafia, identificando-o nesta, mas fingindo esquecer, ou, talvez, completamente ignorando, que apenas o Fascismo conseguira debelar o fenómeno mafioso. (...)
«Speziale, depois de 8 de Setembro, aproveitando a confusão daqueles momentos em França, onde estava preso como antifascista comunista, consegue evadir-se e chegar a Itália. Em Bréscia encontrou o terreno adaptado à sua vocação, graças à solidariedade de certo antifascismo local. Encontrou-se, assim, com outros comunistas de origem bresciana que estiveram foragidos em França, como Italo Nicoletto e Luigi Guitti (aliás, Tito), dois guerrilheiros ferozes e sanguinários, que espalharam vítimas pelo seu caminho, com os quais se tornou responsável por emboscadas e assassinatos de militares alemães e da R.S.I. e mesmo de simples civis, adeptos do partido fascista ou simpatizantes dele. Com conhecimento de explosivos adquirido nas minas de enxôfre, pensou iniciar uma verdadeira e própria actividade terrorista por meio de engenhos por si construídos.
«O seu primeiro “heróico empreendimento” consistiu na colocação, em 31 de Outubro de 1943, de um engenho na via Spalti San Marco, em Brescia, que causou a morte do Director do Centro de Detenção Judiciário, Dr. Ciro Miraglia, calabrês, pai de quatro ou cinco filhos, que, de bicicleta, estava de regresso a casa, acompanhado por um soldado de dezanove anos, Andrea Lanfredi, de Ghedi, também de bicicleta. Ambos foram despedaçados pela explosão. O que segue é a fiel transcrição das memórias de Speziale, o qual regressava a Stochetta para comer tranquilamente a ceia preparada pelos Montini, que o hospedavam.
«Escreve: “Naquela tarde explodi um engenho de grande potência, confeccionado com muito cuidado, junto do quartel da tropa anti-aérea, na via Spalti San Marco. A notícia do atentado deu brado...»
O Bispo Mons. Giacinto Tredici, certo de interpretar os próprios sentimentos das pessoas, estigmatizou sem tardança a criminosa iniciativa do ódio e do desejo de vingança do comunismo. (…)
Speziale teve a singular impudência, na lógica típica do comunismo, para o qual o fim justifica os meios, de definir a nota do Bispo como uma “campanha difamatória da Cúria”, acrescentando não estar interessado em tal campanha. Em vez disso, interessava-lhe a solidariedade da base católica (…) e cria tê-la descoberto e completamente demonstrada no seio da família Montini de Stochetta, segundo ele aparentada com o futuro Papa Paulo VI.
«Eis o que afirma Speziale: «A própria hospitalidade oferecida pelos Montini, todos católicos, me parece muito significativa. Não sei quais os laços existentes entre eles e a família de Paulo VI, mas estou certo que entre eles existem relações de parentesco. Mamã e papá Montini sabiam que eu era um dos que colocaram a bomba no quartel dos nazifascistas – eu mesmo confeccionei várias na casa deles – todavia, não obstante a “bula” do Bispo, permaneceram comigo, continuando a oferecer-me hospitalidade, mas sobretudo solidariedade e afecto. Católicos eram também os membros da família em cuja oficina, como já recordei, se confeccionavam os engenhos que usávamos nos atentados. Faziam-no porque convencidos da sua escolha, sabedores do risco que corríamos. Outros, que exaltados!» (…) Diz ainda Speziale, que em Valtrompia tinha conseguido formar um primeiro grupo de partidários, «numericamente forte mas escassamente equipadoque foi fornecido do necessário graças à colaboração preciosa dos irmãos Giacomino e Franco Montini de Stochetta».
«E portanto, não obstante o apelo do Bispo de Brescia, Mons. Giacinto Tredici, num certo sentido muito ingénuo, que tinha condenado sem meios-termos o vil atentado que causara a morte de pessoas inocentes, a família Montini, da qual parece ter sido “extraído” o Papa Paulo VI, deu hospitalidade e assistência, com pleno conhecimento da sua real identidade, a um terrorista comunista que, com criminosos companheiros semelhantes a si, confeccionava engenhos para matar impunemente pessoas inocentes da maneira mais velhaca e odiosa!»

***

Na ignorância dos contactos secretos entre Mons. Montini e o chefe do Comunismo italiano, Pio XII tentou recompensar Mons. Montini e Mons. Tardini com o Cardinalato, pelos seus anos de serviço devotado à Santa Sé, num Consistório secreto de 1952; mas ambos, respeitosamente, declinaram a honra.23 Isto significou que Montini não era membro do Colégio de Cardeais e, assim, não se podia considerar candidato ao Papado em 1958, no Conclave que elegeu Roncalli a Papa João XXIII.
Mas a estima de Pio XII por Mons. Montini desmoronou-se de um só golpe, quando o Pontífice viu as provas irrefutáveis da sua traição confrontando a sua política anticomunista.
Hoje, esta traição faz parte da História!
Estava-se em 1954, quando Pio XII estava já atingido pela doença e debilitado pela velhice. O Coronel Arnauld, Director-geral do Deuxième Bureau (Serviço de Informações de França), após se ter demitido do Deuxième Bureau, dirigiu-se a Roma convocado por Pio XII, que lhe ofereceu o encargo de seu agente pessoal. O Coronel aceitou, prestou juramento ao Pontífice e iniciou a sua nova missão.
No decorrer de uma viagem ao Leste conheceu o Bispo luterano de Upsala, Mons. Brilioth, Primaz da Suécia, que tinha muita estima por Pio XII. No decurso de um destes encontros (Verão de 1954) o Arcebispo de Upsala, de improviso, disse ao Coronel: «As autoridades suecas sabem muito bem que o Vaticano tem relações com os soviéticos»!
Regressado da sua missão, o Coronel avistou-se com Pio XII, o qual, espantado com tudo isso, pede ao Coronel que afirme a Mons. Brilioth que o Vaticano não tinha qualquer relação com os soviéticos.
Mas, no seu regresso à Suécia, o Coronel Arnauld recebe em mão própria, do Arcebispo de Upsala, um sobrescrito sigiloso, endereçado a Pio XII, com o pedido de entregá-lo em mão, sem o dar a conhecer a ninguém mais no Vaticano. Só lhe disse: «Este sobrescrito contém a “PROVA” das relações que a Vaticano mantém com os soviéticos».
Chegado a Roma, o Coronel entregou o sobrescrito a Pio XII, que lê na sua presença, muito pálido. Era breve: o último texto oficial, assinado pelo pró-Secretário de Estado Mons. Montini e datado de 23 de Setembro de 1954.24 Em 1 de Novembro de 1954, Pio XII afasta Mons. Montini da Secretaria de Estado.
Por outras informações sabe-se que, naquele trágico Outono de 1954, Pio XII tinha ainda descoberto que o seu pró-Secretário de Estado, Mons. Montini, “lhe havia escondido todos os despachos relativos ao cisma dos Bispos chineses,25 cujo caso se agravava.
Em 1 de Novembro de 1954, Pio XII nomeou Montini Arcebispo de Milão. A sagração teve lugar em Roma, em 12 de Dezembro de 1954, pelo Card. Eugéne Tisserant.
Mas, porquê entregar a maior diocese do mundo a um traidor ao Papa?

Túmulo da Família de Giuditta Alghisi, mãe de Paulo VI
Símbolos maçônicos em destaque.
A verdadeira razão, conheci-a num “encontro” pessoal com o General G. Leconte, dos “Serviços Secretos” franceses. O General falou-me, primeiro, de muita coisa respeitante à infiltração maçónica na Igreja de hoje; depois, improvisadamente, fez esta pergunta: «Você acredita que também Paulo VI seja maçom?» E sem esperar a minha resposta, passou-me um livro de Carlo Falconi, “Vue et entendu au Concile”, editado antes que Montini fosse Papa; e mostrou-me uma “passagem” do livro, a páginas 69, na qual se lê que uma pessoa influente, grau “33” da Maçonaria, assegurava que também Montini “estaria inscrito numa Loja maçónica”!
Por fim, narrou-me a vicissitude do afastamento de Mons. Montini da Secretaria de Estado por Pio XII, porque realmente trabalhava para a Rússia, com desconhecimento do Papa e, deste modo, traía-o! De facto, Montini, em vida de Pio XII, não pisou mais a soleira do Vaticano!
Minha última pergunta: «Mas, então, porquê Pio XII o mandou para Milão, sé prestigiosa e cardinalícia, depois de o haver “traído”»? O General responde, sorridente: «Não! Não foi Pio XII que o mandou para Milão! Temos outro “dossier” que se intitula “Cardeal Pizzardo”, o qual contém documentos que falam diferentemente! De resto, também Você terá notado que Pio XII não o elevou a Cardeal, se bem que Milão seja tradicionalmente sé cardinalícia, pelo que Montini se encontrou afastado da Cúria Romana e, definitivamente, daquele Papa sob o qual ele tinha exercido não pouca influência; e foi excluído do futuro Conclave porque Pio XII estava resolvido a não o deixar entrar no Sacro Colégio! Até a consagração a Arcebispo, depois da sua nomeação, foi quase ignorada por Pio XII!»
No final do colóquio, o General enviou-me ao Coronel Arnaud, o qual me confirmou que Montini tinha relações obscuras, clandestinas, de sua própria iniciativa, com a Rússia e certas outras potências do Leste, pelo que Pio XII o “expulsou” da Secretaria de Estado. A seguir, disse que Pio XII teve de aceder a que Montini fosse mandado para Milão, mas não o fez Cardeal nem o aceitou mais em audiência (se bem que Pio XII vivesse mais quatro anos!) e que deu a compreender, muitas vezes, a um Cardeal, que não o queria como seu sucessor!
Como se vê, aqui não se trata de “revelação de segredos de Estado”, porque nos “Arquivos Franceses” ainda está tudo aquilo que disse, de pessoal, sobre o “caso” Montini!26
Sobre “relações obscuras clandestinas e de própria iniciativa” de Mons. Montini, contudo, existe também a fonte do arquivo do Card. Tisserant. Era um arquivo continuamente actualizado, contendo “documentos” de valor histórico e também de delicadeza explosiva, entre os quais também o “credo” marxista do então Mons. Battista Montini, o qual, em 1945, se ligou em amizade com Palmiro Togliatti, Secretário do Partido Comunista Italiano, recém-chegado da União Soviética. (…) Por intermédio dos círculos protestantes da Universidade de Upsala e ligações com a ortodoxia russa, Mons. Montini dava a conhecer ao Kremlin que «… nem toda a Igreja e nem todo o Vaticano aprova, para o futuro, as orientações do Papa Pacelli».
Pois bem, no arquivo do Card. Tisserant estavam ainda os “relatórios secretos” que foram entregues a Pio XII pelo Coronel Arnaud. (…) O dossier ad hoc é constituído, principalmente, por “cartas” de Montini, que assinalavam ao KGB – polícia secreta soviética – até mesmo nomes e movimentos de sacerdotes que exerciam clandestinamente o ministério sacerdotal entre a gente oprimida e perseguida dos países comunistas.
Pio XII não sabia explicar a causa do terrível drama do sistemático desaparecimento dos sacerdotes enviados clandestinamente para a Rússia, a não ser um “espião” escondido no Vaticano. Então encarregou detectives secretos, disfarçados de monsenhores, que descobriram, no acto de fotografar “documentos secretos”, o jesuíta Alighiero Tondi, um dos do círculo de Montini, ou melhor, seu conselheiro especial. Interrogado, foi identificado como agente do KGB, instruído em Moscovo e que do Vaticano transmitia ao seu chefe, na URSS, os “documentos” que fotografava no arquivo vaticano.
Da acurada investigação resultou que era ele que também passava aos seus superiores soviéticos a lista dos Bispos e dos Sacerdotes clandestinos enviados à Rússia por Pio XII, os quais, por estas delações, eram presos, mortos ou enviados para a morte nos goulagues soviéticos!
Este é um facto de extrema gravidade, talvez único! Decerto um agir de assassino! Pio XII, após estas “revelações”, teve um colapso e foi obrigado a estar de cama durante muitos dias. Todavia, decidiu a imediata expulsão de Montini do lugar que tinha equiparado a “secretário de Estado”.27


Fonte: Chiesa Viva

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