sábado, 28 de maio de 2022

DESMASCARAR E COMBATER O MULTIFORME INIMIGO

 

UM DEVER URGENTE E TREMENDO: 
DESMASCARAR E COMBATER O MULTIFORME INIMIGO


PAPA PIO XII: Ora, o trabalho do pastor, o trabalho de cada um de vós, deverá ser, em primeiro lugar, de defesa contra os ladrões. Todo redil é espreitado por ladrões e malfeitores que ambicionam convertê-lo em campo de suas pilhagens. Quando estes se aproximam do redil e o invadem furtivamente, não têm senão um fim: roubar e devastar: "Fur non venit nisi ut furetur et mactet et perdat" (Joa. 10, 10). Deveis pois, sobretudo, esforçar-vos por identificar e reconhecer os ladrões, tomando o cuidado de não vos deixardes levar por certa simplicidade que orientasse vossa atenção para um lado somente. Como no grande mundo da Igreja universal, assim também no pequeno mundo da Paróquia o "inimigo" parece ser um, mas é múltiplo. Nós o advertimos - como vos lembrareis - ante a imensa multidão dos Homens da Ação Católica na radiosa jornada de 12 de outubro passado. Existe, bem o sabeis, - seria impossível não o notar - um inimigo que particularmente causa preocupação a todos; torna-se dia por dia mais ameaçador, e espreita e assalta com todos os meios e sem medir os golpes; este inimigo, porém, tornou-se entre todos o mais fácil de reconhecer. Há outros inimigos - ou se quiserdes, o mesmo "inimigo" sob diversas formas e disfarces, e que é necessário desmascarar, frequentemente revestido com pele de ovelha, "in vestimentis ovium" (Math. 7, 15). Convém pois aplicar-se afim de que os fiéis os reconheçam por suas obras, isto é, pelas plantas que deles nasçam e cresçam no campo de Deus, bem como pelos frutos que produzam tais plantas, "a fructibus eorum". Com esse objetivo é oportuno mostrar quanta desorientação e quantas trevas se encontram muitas vezes lá onde antes tudo era esplendor de luzes; assinalar o ódio que oprime certos corações em que já esfriou o amor operante; a discórdia e a guerra que se enfurecem onde reinava o candor e a pureza. O "inimigo" desanima os jovens, extinguindo neles a chama dos supremos ideais; despoja as crianças da inocência, convertendo-as em pequenas fúrias, rebeldes contra Deus e os homens. E quando virdes os pobres privados das mais altas e consoladoras esperanças, e certos ricos encerrados em pertinaz egoísmo; quando ficardes tristes ante o lar em que os esposos gemem no frio porque se extinguiu o fogo do amor; dizei: aqui veio o ladrão, aqui veio o inimigo, e veio "ut furetur et mactet et perdat", para roubar e semear a desordem e a morte. Contra este multiforme inimigo é preciso reagir com uma veemência do pai que defende os filhos, e com a presteza que impõe um dever tão urgente e tremendo. — (Discurso aos Párocos e Pregadores Quaresmais de Roma, de 27-111-1953).



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Publicação da Revista Catolicismo, n° 31, em julho de 1953.

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