segunda-feira, 30 de maio de 2022

Retorno sincero à Igreja Católica

 

Remédios eficazes: volta ao Cristianismo

De tal apostasia sacrílega derivou a desorganização da vida prática. Ao seio do Cristianismo deve, portanto, retornar a transviada sociedade, se quiser o bem-estar, o repouso e a salvação. Assim como o Cristianismo torna as almas melhores, penetrando na vida pública de um Estado, também o revigora na ordem; com a ideia de um Deus que a tudo provê, infinitamente bom e justo, infunde na consciência o sentimento do dever, suaviza os sofrimentos, acalma os rancores, inspira o heroísmo. Se conseguiu transformar os pagãos, o que foi uma verdadeira ressurreição, pois que cessava a barbárie onde surgia o Cristianismo, do mesmo modo vencerá o terrível abalo da incredulidade, endireitando e recolocando na ordem os Estados e a sociedade humana hodierna.

Retorno sincero à Igreja Católica

Mas ainda não é tudo; o retorno ao Cristianismo não será remédio verdadeiro e eficaz, se não significar retorno e amor à Igreja una, santa, católica, apostólica. Sim, por que o Cristianismo atua e se identifica com a Igreja Católica, sociedade soberanamente espiritual e perfeita, que é o Corpo místico de Jesus Cristo, e tem por chefe visível o Pontífice Romano, sucessor do Príncipe dos Apóstolos. É ela a continuadora da missão do Salvador, filha e herdeira da sua Redenção; foi Ela que propagou o Evangelho sobre a Terra, difundiu-o com o preço do seu sangue; e é ainda Ela que, conforme a promessa da assistência divina e da imortalidade, jamais pactuando com o erro, realiza a missão de conservar na íntegra a doutrina de Cristo até o fim dos séculos.

Mestra legítima da moral evangélica, não só se tornou a consoladora e salvadora das almas, a fonte perene de justiça e caridade, como também a propagadora e tutora da verdadeira liberdade e da única liberdade possível. Aplicando a doutrina de seu divino Fundador. Mantém com ponderado equilíbrio os justos limites em todos os direitos e em todas as prerrogativas da coletividade social. A igualdade que proclama conserva intactas as distinções das várias classes sociais, evidentemente requeridas pela natureza; a liberdade que apregoa, a fim de impedir a anarquia da razão emancipada da fé e abandonada a si própria, não lesa os direitos da justiça, que são superiores aos no número e da força, nem os direitos do Deus, que são superiores ao do homem.

E não é menos fecunda em bons efeitos da ordem doméstica. Porque não só resiste aos atentados licenciosos da incredulidade contra a família, mas prepara e conserva a união e a estabilidade conjugal, nela protegendo e promovendo a honestidade, a fidelidade, a santidade. Ao mesmo tempo sustenta e consolida a ordem civil e política, de um lado ajudando eficazmente a autoridade, e de outro, colocando-se a favor das sábias reformas, das justas aspirações do povo, impondo respeito e obediência aos governantes, e sempre defendendo os direitos imprescritíveis da consciência humana. Deste modo, os povos obedientes à Igreja se mantiveram, graças a Ela, igualmente distantes da servidão e do despotismo.


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Carta Encíclica "Parvenu à la vingt-cinquième année"
Em Português: SOBRE A IGREJA CATÓLICA 
Papa Leão XIII | 19 de Março de 1902


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